Hoje amanheci relembrando um tempo que já vai distante, mas que deixou marcas, e nada com um bom texto de Clarice sobre relações, para coroar de vez este meu dia.
Um texto sobre o amor que acontece distraído, por acaso, no desenrolar da vida, na leveza das atitudes, na sede saciada em fontes de admiração, mas que, infelizmente, às vezes, morre num mar de obrigações e cobranças.
Quero viver intensamente amores distraídos. Esses sim, me fazem feliz!
POR NÃO ESTAREM DISTRAÍDOS – Clarice Lispector
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria e peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos!
Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.
É nesse "cerimonial das palavras desacertadas" que muita coisa acaba...
ResponderExcluirXô, baixo astral!
bjo Kátia
Oi Querida Katita com K...............
ResponderExcluirQue bom receber tua visita...
Adorei o texto, muito reflexivo!
bjss
Bom fim de semana tbm...
Catita
Lindo texto Katia ! Nos permite ver a leveza com que podemos tratar nossos sentimentos ! Bom domingo... com carinho, Fabiola.
ResponderExcluirQuerida Amiga..
ResponderExcluirSeu testo é longo mais vale a pena ler
pois não saimos daqui com duvidas e sim mais sábios.
Lindo Domingo beijos meus,Evanir.
www.aviagem1.blogspot.com
Que grande verdade! Sentimentos são para serem vividos, sem busca de explicações. Na tentativa de "dar nomes aos bois", perdemos o que de mais precioso estamos a vivenciar.
ResponderExcluirFiquei tão feliz com sua visita e com suas palavras!!! Obrigada, amiga!
Bjs.
E viva a distração! Beijão Kátia
ResponderExcluirOs grandes amores são assim mesmo, eles nos dão o caminho da emoção, mas os sentimentos de verdade são apenas nossos, ninguém copia, ninguém leva, ninguém divide... Adorei ler texto. Um Abraço!
ResponderExcluirMinha amiga, preciso me distrair mais para viver mais amiúde os encantos da vida. Nesses tempos, tenho guerreado muito, falado muito sério. Necessito ficar mais bobo.Valeu pela força. Beijo.
ResponderExcluirOi, Katita
ResponderExcluirLindo esse momento despretencioso, distraído de se curtir junto um momento.
Que chata essa sua tendinite. Que vc se recupere logo, precisamos de você, da sua alegia, seu astral, seu pique de vida!
Beijos! te adoro, minha flor!
Muito lindo o texto, Katia.
ResponderExcluirComo é fácil deixar o amor morrer, escapar...
Todo o encantamento se dissipa quando entre em jogo as cobranças, a intolerância, a falta de cuidados...
Beijo, amiga.
Minha linda Katita,
ResponderExcluirDepois dê um pulinho lá no Amadeirado para pegar o selo "500 corações em 1 ano". Você faz parte da minha felicidade. Obrigada por me seguir e contribuir com seus excelentes e gentis comentários!
Bjkas com muito carinho.
Kátia,
ResponderExcluira cena em Clarice é sempre reveladora dos escondidos d'alma. E nessa, em particular, desfralda as imposições que os deveres sociais exercem sobre o natural de cada ser.
Belíssima escolha. Belíssimo texto.
Cheguei aqui pela Lena(Amadeirado) e gostei.
Bjinhos,
Calu
Estou aqui torcendo para você melhorar e poder digitar suas excelentes postagens.
ResponderExcluirBjs.
Oi, amiga,
ResponderExcluirbelísso o texto. Forte abraço e muita paz no final de semana!
Gleidson