sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Eleições no Circo

Era uma vez um circo muito famoso, repleto de recursos e espetáculos indescritíveis, onde a criatividade e a esperteza davam um tom, até pitoresco, digamos assim, a este circo. Mas, o que fazia mesmo a diferença, era a facilidade com que os milhões de espectadores se envolviam e até se encantavam com espetáculos, por vezes, bem bizarros. Neste circo, os espectadores podiam até sugerir, opinar... Não que isso fosse levado em consideração, mas, a ilusão que participavam, já era alguma coisa.

Havia apenas um momento em que os espectadores realmente tinham o poder nas mãos, mas, infelizmente, não sabiam lidar ainda com tamanha responsabilidade e, na maioria das vezes, se atrapalhavam.

Eles tinham a obrigação de votar, no período de eleições, para escolher os administradores do circo. Este sim, era o melhor período para os espectadores. Neste período, eles realmente eram respeitados e quase carregados no colo, cercados de atenções e até presenteados com os mais diversos mimos. Tudo em nome da democracia circense!

Certa vez, num período desses de eleições no circo, todos os candidatos estavam bem animados e contando com o voto sincero e confiante de cada espectador.

Durante a campanha, alguém teve uma excelente idéia! Não tenho certeza, mas acho que foi o piolho, que tinha residência fixa na juba do leão. Uma idéia realmente maravilhosa! O espectador desfrutaria, com imenso prazer, de uma hora de espetáculo todos os dias na TV. Este recurso foi utilizado para facilitar ao espectador, agora telespectador também, analisar com bastante atenção o variado leque de opções, que circense nenhum colocaria defeito. Eram candidatos bem preparados para encarar todos os desafios de administrar circo tão peculiar. Humoristas, atores, cantores ( do sertanejo ao pop rock), pugilistas, jogadores (de atacantes a goleiros) e, notem que simpático, até frutas! Era realmente uma salada democrática! Todos almejando um cargo administrativo a altura de suas competências.

Não me recordo como terminou esta tal eleição, mas todos os candidatos saíram ganhando. Quem não foi eleito para o cargo, ganhou experiência para tentar novamente. Um dia, aqueles que não se elegeram, com certeza, ganhariam! Os espectadores costumam ser muito benevolentes!
O nome do circo?  Terra Brasilis

Os espectadores? São os palhaços!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Irmandade da Boa Morte

A história da confraria religiosa da Boa Morte se confunde com a maciça importação de escravos da costa da África para o Recôncavo canavieiro da Bahia, em particular para a cidade de Cachoeira.

O fato de ser constituída apenas por mulheres negras, numa sociedade patriarcal e marcada por forte contraste racial e étnico, emprestou a esta manifestação afro-católica notável fama. Há que acrescentar ao gênero e raça dos seus membros a condição de ex-escravos ou descendentes, importante característica social sem a qual seria difícil entender tantos aspectos ligados aos compromissos religiosos da confraria, pois os antigos escravos cultuavam a religião dos dominantes sem abrir mão de suas crenças ancestrais.

A história dessas notáveis mulheres cachoeiranas continua a desafiar pesquisadores. Seus rituais secretos ligados ao culto dos orixás são importantes na manutenção dessa vertente religiosa. Durante o começo do mês de agosto, uma longa programação pública atrai a Cachoeira gente de todos os lugares. Ceias, cortejos, missas, procissões, samba-de-roda colocam cerca de 30 remanescentes da Irmandade, que já possuiu mais de 200, no centro dos acontecimentos da cidade. A festa tem um calendário que inclui a confissão dos membros na Igreja Matriz, um cortejo representando o falecimento de Nossa Senhora, uma sentinela, seguida de ceia branca, obedecendo a costumes religiosos que interditam o acesso a dendê e carne na sexta-feira, dia dedicado a Oxalá, criador do Universo, e procissão do enterro de Nossa Senhora da Boa Morte ou assunção de Nossa Senhora da Glória, onde as irmãs usam trajes de gala. A contagiante alegria dos cachoeiranos irrompe em plenitude, nas cores, comida, bastante música e dança que se prologam por diversos dias.

Este ano, pela primeira vez, tive o  prazer de participar da festa da Boa Morte em Cachoeira. É realmente emocionante! A cidade respira sincretismo e recebe os visitantes com muita alegria.

Participar de uma celebração católica, que homenageia uma irmandade ligada ao culto de orixás, foi uma experiência, no mínimo, interessante. O que fica mais evidente, para quem participa da festa, é o enorme respeito entre as duas vertentes religiosas.

Além de minha admiração por toda simbologia e história da festa, ainda tive a oportunidade de conhecer um pouquinho mais Cachoeira. Acompanhada de amigos muito especiais, pude encontrar toda cultura do Recôncavo num só lugar. As ruas e ladeiras de Cachoeira despejam arte e história no espírito dos visitantes. Artistas se movimentam pela cidade, numa espécie de bailado cultural. Lindo de se ver! Para mim, leitora fiel de Jorge Amado, que sempre retratou as lutas e vitórias do povo do Recôncavo baiano, foi uma verdadeira viagem ao universo de um dos meus autores preferidos. Isso sem falar na deliciosa maniçoba, preparada por minha amiga Cris, cachoeirana por opção, que alimentou o corpo e a alma, já embriagada de beleza e emoção.
O domingo foi repleto de informações, alegria, emoção, encantamento... Mas, o melhor mesmo, foi compartilhar tão ricas experiências com amigas que amo.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Memórias Estundantis

Dia do Estudante. Feriadinho bom !
Lembro-me com saudades do tempo em que não passava de uma estudante cheinha de sonhos, rodeada de amigos e bastante popular.
Sempre fui uma boa aluna. Nada excepcional. Nerd, nem pensar! Gostava de estudar, mas nada que me escravizasse. Desde a mais tenra idade, sempre tive problemas por não querer me adaptar a uma disciplina de horários para estudar (que meus alunos não leiam isso..rsrs). Todas as tardes, mami reunia os filhotes em volta da mesa, para realizarem as tarefas de casa. Eu enrolava que era uma beleza e só fazia no "meu tempo". Esse espírito rebelde me acompanha desde sempre!
Na escola, prestava bastante atenção as aulas e credito meu bom desempenho escolar a isso e, é claro, ao fato de ter verdadeiro pânico a simples possibilidade de perder o ano. Nem nos meus piores pesadelos esta possibilidade poderia existir e meu pai deixava isso muito claro para seus filhinhos e de uma forma bastante convincente. Por causa dessa maneira tão "compreensiva" de papi e, o desvelo e orientação de mami, eu e meus irmãos nos tornamos bons alunos. Por livre e espontânea pressão, nunca perdemos um ano.
Na adolescência, a tal  Matemática era meu pesadelo constante, sempre me colocando em períodos de recuperação e situações nada agradáveis. Minha mãe ficava com o espírito em frangalhos e passava horas desfiando as contas do rosário, solicitando aos santos, digamos assim, mais "antenados" com questões lógicas, que me iluminassem na hora da avaliação. Mami se desesperava, ante a possibilidade da fofa aqui perder o ano e iniciar a terceira guerra mundial " in family". Nessas horas, recorria ao meu tio, um ser humano que, além de "crânio" na famigerada disciplina, tinha muita paciência com minha extrema nulidade para equações, inequações, catetos, hipotenusas e afins. Ele me salvou várias vezes do caos estudantil e de uma boa lobotomia, pois se não fosse assim,  meu pai, com certeza, abriria meu cérebro e colocaria lá todos os conceitos e cálculos matemáticos existentes...rsrs
No curso de Magistério (eta palavrinha feia e antiga...rsrs), quando pensei que fosse me livrar do tal monstro matemático, esbarrei em outro pior, a  Estatística (aff... um horror!). Acreditem, quase não consegui me formar por causa desta disciplina e, para piorar minha situação, ainda resolvi ser um pouco mais rebelde e brigar com o professor (feio, muito feio isso...rsrs), que já não tinha muita paciência. Resultado: fiquei doente, não fiz a última avaliação e, como fui a única inscrita para segunda chamada, o fofo do professor decidiu me mostrar "com quantos paus se fazia uma canoa" como dizia minha avó. Aquela prova era para mestres em Estatística e não para minha humilde ignorância no assunto. Acho que as freiras tiveram que fazer uma pressãozinha daquelas (quem é professor sabe muito bem como é isso) para que eu pudesse me formar com louvor, afinal de contas, era excelente aluna nas outras disciplinas.
Hoje sou professora e todas as minhas experiências estudantis me garantem, na maioria das vezes, uma leitura correta do que acontece no processo de aprendizagem de meus alunos.

Tempo de estudante, esse nos acompanha durante toda vida!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Estações da Vida

Verão, outono, inverno, primavera... Estações que durante o ano vão dando os contornos de nossa realidade. Dias quentes, frios, agradáveis e floridos. Dependendo da estação, mudamos a culinária, o vestuário, o lazer... Dias quentes de verão e os floridos de primavera pedem roupas frescas, comidas leves, praias (amooo), sorvetes, passeios no parque... Já os dias amenos do outono  nos encontram mais comportados, o clima agradável nos tranquiliza. O friozinho do inverno vai chegando sorrateiro e nos oferece cafés e chocolates quentes, nos veste com mais elegância, além, é claro, de não querermos sair debaixo dos edredons e, se tivermos uma boa companhia, um bom  filme e pipoca, o inverno se torna nossa estação preferida...rsrs. 
Assim também acontece em nossa vida. Vivemos de estações, aprendemos nas estações, erramos e acertamos de acordo com a estação que acontece na alma. Essas estações também nos convidam a mudanças e novos contornos de comportamento e de humor.
Os momentos de conquistas, alegrias intensas ao lado de quem amamos, sucesso profissional, equilíbrio financeiro, brilho nos olhos, calor de uma paixão... Esse é o nosso verão interior, nos veste de luz.
Os momentos de reflexão, tranquilidade, pausas para decisões, dúvidas... Esse tempo é outonal. Semeia e dá frutos!
Ahh... e o que dizer do inverno? Aquele bem rigoroso! Esse vem nos momentos dos fracassos, sofrimentos, solidão, falta de amor, tristezas, perdas, pranto que lava a alma. Mas, é esta estação cinza e fria, que nos prepara para a época da florada! É no inverno que amadurecemos, aprendendo a valorizar o perfume e as cores das flores na primavera.
Primavera vem com as cores da certeza! Certeza do amor de quem amamos, certeza da fé que perfuma os recantos de nossa alma, nos fazendo descobrir que estamos no caminho certo. Primavera é paz de espírito! Paz revestida de luz, frutos e alma lavada.
Seria bom se, ao nos perguntarmos "Como você está?", nós simplesmente revelássemos nossa estação. Todos compreenderiam o que nos vai na alma: " Hoje estou inverno" ou "Primavera bem florida e perfumada!" ou ainda " Meu outono chegou" e para completar poderia ser também " Meu verão tá bombando...rsrs"

Só para registrar, hoje estou Outono e vc?
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