terça-feira, 28 de junho de 2011

Não basta amar

Este é um dos inúmeros textos de Martha Medeiros que gosto muito. Nos faz refletir, mais uma vez, sobre o amor.

NÃO BASTA AMAR - MARTHA MEDEIROS


“Por mais que o poder e o dinheiro tenham conquistado uma ótima posição no ranking das virtudes. O amor ainda lidera com folga. Tudo o que todos querem é amar. Encontrar alguém que faça bater forte o coração e justifique loucuras. Que nos faça entrar em transe, cair de quatro, babar na gravata. Que nos faça revirar os olhos, rir à toa, cantarolar dentro de um ônibus lotado. Tem algum médico aí?

Depois que acaba essa paixão retumbante, sobra o quê? O amor. Mas não o amor mitificado, que muitos julgam ter o poder de fazer levitar. O que sobra é o amor que todos conhecemos: o sentimento que temos por mãe, pai, irmão, filhos e amigos. É tudo o mesmo amor, só que entre amantes existe o sexo. Não existem vários tipos de amor, assim como não existem três tipos de saudade, quatro de ódio, seis espécies de inveja. O amor é único, como qualquer sentimento, seja ele destinado a familiares, ao cônjuge, ou a Deus. A diferença é que, como entre marido e mulher não há laços de sangue, a sedução tem que ser ininterrupta. Por não haver nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança acabamos por sepultar uma relação que poderia ser eterna.

Casaram. Te amo pra cá, te amo pra lá. Lindo, mas insustentável. O sucesso de um casamento exige mais do que declarações românticas. Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto tem que haver muito mais que amor, e às vezes nem necessita um amor tão intenso. É preciso que haja, antes de mais nada, respeito. Agressões zero. Disposição para ouvir argumentos alheios. Alguma paciência. Amor, só, não basta.

Não pode haver competição. Nem comparações. Tem que ter jogo de cintura para acatar regras que não foram previamente combinadas. Tem que ter bom humor para enfrentar imprevistos, acessos de carência, infantilidades. Tem que saber relevar. Amar, só, é pouco.

Tem que haver inteligência. Um cérebro programado para enfrentar tensões pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas, contas pra pagar. Tem que ter disciplina para educar os filhos, dar exemplo, não gritar. Tem que ter um bom psiquiatra. Não adianta, apenas, amar.

Entre casais que se unem visando a longevidade do matrimônio tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância, vida própria, independência, um tempo para cada um. Tem que haver confiança. Uma certa camaradagem: às vezes fingir que não viu, fazer de conta que não escutou. É preciso entender que união não significa, necessariamente, fusão. E que amar, solamente, não basta.

Entre homens e mulheres que acham que amor é só poesia tem que haver discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser bom, pode durar para sempre, mas que sozinho não dá conta do recado. O amor é grande mas não é dois. É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência. O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta.”

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Magia e Sedução


Explorando emoções novas
Descobriram a magia
Que concretiza desejos

Ela, encantada e ansiosa por momentos mágicos
Acreditou que ele era bruxo
Ele, enfeitiçado com o olhar, o toque, o sorriso
Soube que a bruxa era ela

Na disputa prazerosa de feitiços
Magia e Sedução
Distraídos
Atravessaram a linha apaixonante do perigo

Tentados a experimentar poções de amor
Um deles esqueceu o limite proibido da paixão
E quando se apaixonou
A mágica acabou.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Estou Inverno

Nunca gostei do inverno. Frio, dias cinzas e chuva, definitivamente, não combinam comigo. Meu espírito necessita da energia do astro rei, por isso, todo ano, recarrego bastante minhas baterias no verão, para que minha disposição não esmoreça nos dias frios.

Como boa soteropolitana que sou, amooooooooo praia e o inverno, além de me privar de meu lazer preferido, ainda causa uns probleminhas bem chatinhos. Quando chove muito aqui nesta minha terrinha, que também não se adapta de jeito nenhum a esta estação, temos que enfrentar engarrafamentos longos e enervantes, ruas alagadas, uma série de transtornos, sem falar dos inúmeros desabamentos. Costumo dizer que Salvador é igual a Sonrisal, caiu água, dissolve.

Desde o fim de maio, tem chovido bastante por aqui. Um friozinho danado! Nada demais, mas, para nós, baianos, acostumados ao calor, qualquer ventinho frio nos congela. Argh, odeioooooooo frio! Às vezes, o Sol dá as caras, mas nem se compara ao período em que ele está em plena atividade. É um solzinho tão tímido, que nem me animo a pegar uma prainha, mesmo porque, nesta época, o mar também não colabora.


Este ano, é inverno também em mim. Estou vivendo este inverno difícil de maneira positiva, desfazendo algumas malas emocionais, aproveitando para faxinar o espírito, enterrando esperanças mortas e "parindo" certezas, sem nunca esquecer que após os invernos rigorosos, a primavera desponta com as cores e perfumes das flores. Assim seja!

"No frio do inverno, finalmente aprendi que dentro de mim existe um insuperável verão."
Albert Camus

domingo, 19 de junho de 2011

Esperança


Lembro-me, como se fosse hoje, o dia que minha mãe me apresentou um bichinho verdinho, parecendo um gafanhoto, dizendo que seu nome era Esperança. Eu devia ter uns, sei lá, seis ou sete anos. Estávamos no sítio de meu avô, sentadas na varanda e, de repente, aquele bichinho resolveu participar daquele momento mãe e filha. Ela pegou cuidadosamente a Esperança, me disse que fechasse os olhos e fizesse um pedido. Não, não pedi uma boneca, mesmo porque nunca tive paciência de brincar com bonecas, eu pedi mesmo foi uma big bicicleta. A criancinha não era boba.

Quando abri os olhos, minha mãe me explicou que todas as vezes que eu encontrasse em meu caminho a Esperança, nunca deixasse de fazer um pedido e acreditar nele, me ensinou também que Deus tinha criado aquele bichinho para não esquecermos que também temos esse bichinho verdinho e cheio de possibilidades dentro da gente, um sentimento bom, que nos faz acreditar. Quando sonhamos com algo, disse ela, a Esperança é a primeira a se apresentar e a última a ir embora.

Nunca esqueci aquele dia e bem sei que é a esperança que nos movimenta em direção a realização de sonhos, mas a maturidade (vixe, palavrinha pesadinha essa...rs) e alguns meses de terapia, me ensinaram que a esperança só morre quando os nossos sonhos ultrapassam a linha do possível e desembocam nos mares do impossível. Neste caso, entram em cena as “falsas esperanças”, que podemos ou não alimentar, vai depender do grau de sanidade de cada um, sim, porque às vezes, a gente surta e fica procurando justificativas fantasiosas, tentando nos enganar e tornar o que é falso, real. Santa ingenuidade! Mas, graças a Deus, os surtos passam e voltamos à realidade das esperanças possíveis.

Confesso, que existe até um lutinho básico daquela esperança que morreu, mas para cada esperança que se foi, outras tantas pousam em meu coração.

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